"Diz a tarde: 'Tenho sede de sombra!' Diz a lua: 'Eu, sede de luzeiros.' Eu tenho sede de aromas e sorrisos, sede de cantares novos sem luas e sem lírios e sem amores mortos. Um cantar de manhã que estremeça os remansos quietos do pivor. E encha de esperança suas ondas e seus lodaçais." Federico Garcia Lorca

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9 de abr. de 2011

IMPORTANTE!!

Há anos venho lendo sobre violência nas Escolas e sei que Miriam Abramovay é uma autora que pesquisa sobre o tema há algum tempo. Em http://www.miriamabramovay.com/site/index.php?option=com_content&view=section&layout=blog&id=5&Itemid=2 entrando no subtítulo Violência nas Escolas abre em PDF uma análise bem interessante em um artigo da Folha de São Paulo que a autora fez com Jorge Wertheim. Eles dizem :

"Faltam políticas públicas claras, programas em execução que enfrentem decididamente o cotidiano de violência nas escolas"

"TEMOS AVANÇADO significativamente na nossa capacidade de diagnosticar, prever e entender diferentes fenômenos que se apresentam no cotidiano. As novas tecnologias de informação e comunicação disponíveis nos permitem detectar e identificar fenômenos naturais com grande precisão e antecedência. Em diversas áreas os progressos têm sido e continuam sendo- notáveis. Os mecanismos existentes de detecção e diagnóstico da realidade nos permitem antecipar alguns possíveis "tsunamis" naturais e sociais. Porém, é preciso ter consciência do potencial dano ocasionado ainda que o problema seja diagnosticado.
Muitas vezes, ao conhecer a realidade apontada, negamos ou escondemos a sua existência, fazemos a chamada "política de avestruz" ou a lei do silêncio. Com essa atitude, não só não encaramos o problema como não conseguimos evitar que ele se repita com conseqüências cada vez mais graves, que vão se multiplicando e se agravando, tornando, assim, sua solução mais difícil.

Esconder debaixo do tapete situações objetivamente graves é uma constante. Tanto no âmbito privado quanto no público. Racionalizamos, elaboramos discursos que analisam o tema para nos tranqüilizarmos. Dizemos o certo, o correto, o indiscutível, embora imediatamente nos imobilizemos nos acomodemos quase que confortavelmente na coerência teórica de tais afirmações. Deixamos para amanhã o que poderíamos ter feito e enfrentado hoje.

...Verifica-se grande limitação por parte das autoridades políticas e educacionais para assumir com decisão, coragem e determinação o enfrentamento cuidadoso de um problema que está tendo enorme efeito negativo no cotidiano de ensino e aprendizagem de jovens e crianças.
Isso está enfraquecendo as relações de convivência entre alunos, professores e demais atores sociais que atuam nesse espaço escolar. Por causa disso, está diminuindo de forma acelerada e alarmante, tanto para alunos quanto para professores, o desejo de ir à escola, que deixa de ser um espaço prazeroso".

Uma reflexão inconclusiva.

Há cerca de 5 anos atrás, quando Conselheira, lembro-me que na época constatei em algumas Escolas que as professoras enfrentavam no seu cotidiano salas de aulas muitas vezes com mais de 30 alunos sem nenhum funcionário para lhes ajudar. A figura do antigo inspetor não existia.

Elas próprias algumas vezes estavam mal preparadas. Com preconceitos inerentes ao ser humano em uma sociedade onde o alunato presencia violência nas famílias e comunidades onde vivem, desconhecem talvez a importância da amorosidade para proteção delas mesmas e das crianças (provavelmente sofridas também).

Na época em que estava no Conselho, lembro-me ainda que atendi um caso em que uma professora chamou o marido policial, que veio para a escola defender sua mulher com arma na mão. Esse caso foi registrado, mas em geral outras Diretoras e Conselheiras morrem de medo do Conselheiro e não fazem com o órgão parcerias necessárias para prevenção da violência e medidas de proteção necessárias às familias dos alunos.

Os autores terminam o artigo dizendo:

"É um equívoco dizer que a resposta é o aumento de câmeras de vigilância, catracas para "expulsar os culpados" ou ampliar a presença das forças de segurança dentro das escolas. Isso é não querer entender o problema em sua real e profunda dimensão. Não é essa a forma adequada de usar as tecnologias para detecção de problemas.
Expulsando os esporádicos responsáveis pela violência, não estaremos expulsando as causas que a originam dentro das escolas. Temos de expulsar as razões que levam às situações constantes de violência para que alunos, professores, diretores e pais voltem a sentir o prazer de estudar, aprender e conviver nesse espaço em que devem se formar os cidadãos de hoje e de amanhã e a escola possa ser, como dizia Paulo Freire, um espaço de felicidade".

Rachel Gertner

JORGE WERTHEIN , 67, mestre em comunicação e doutor em educação pela Universidade Stanford (EUA), é diretor-executivo da Ritla (Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana). Foi representante da Unesco no Brasil.
MIRIAM ABRAMOVAY , socióloga, é coordenadora de Pesquisa da Ritla, integrante do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Juventudes, Identidades e Cidadania e consultora da Cufa-DF (Central Única das Favelas do DF).


Enviado por: Thais Ferreira.

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